3 de jan. de 2019

Paulistinha Transgênico - Verde - Rosa - Azul - Transparente

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No ano de 2003 uma empresa situada em Taiwan, anunciou a criação de peixes ornamentais transgênicos. A citada aberração foi produzida através de um peixinho conhecido como paulistinha. Trabalhado em laboratório, desde 1999, pela equipe do Dr. Zhiyuan Gong, da Universidade Nacional de Singapura, o animal foi modificado geneticamente, sendo inserido em seu genoma genes de uma espécie de água-viva fosforescente, recebendo, assim a capacidade de brilhar no escuro. O interessante animal recebeu o apelido de "Paulistinha Pérola Negra".

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O "Paulistinha" é um dos peixinhos mais conhecidos dos aquariofilistas, em função da sua docilidade, rusticidade e, principalmente pelo seu baixo preço de mercado, sendo ideal para o hobbista iniciante. Seu nome científico é Danio rerio, sendo originário do nordeste da Índia, de Calcutá até Masulipatam e do norte de Bengala. Foi classificado pelo Dr. Francis Hamilton Buchanan, um médico escocês, no ano de 1822. Entre os aquariofilistas estrangeiros ele possui vários apelidos, como por exemplo: Zebra fish, Zebra danio, Leopardo danio, mandarim chinês, entre outros. No Brasil, recebeu o nome de Paulistinha em função da conformação de suas listras serem parecidas com aquelas estampadas na bandeira do estado de São Paulo.

A importância do paulistinha na biotecnologia

Em face de suas características fisiológicas, genéticas e anatômicas; pela facilidade da sua manutenção, seus altos parâmetros de fertilidade e pela sua precocidade, este peixinho vem sendo bastante utilizado pelos cientistas, substituindo muitas vezes as pesquisas com roedores, etc. A seguir descrevemos algumas das pesquisas que vem sendo realizadas com a utilização desta espécie:

Paulistinhas na cura do câncer

Foi desenvolvida pelo cientista americano Doutor Richard White, do Hospital Infantil de Boston, uma nova variedade de paulistinha transparente com o objetivo auxiliar os médicos a entenderem melhor doenças como o câncer. "Através das características de transparência do peixe será possível um melhor acompanhamento de doenças e processos biológicos de evolução rápida: em pesquisa sobre o câncer, em determinadas situações, o método convencional, de dissecar um animal com a anomalia é insuficiente: é como tirar uma foto quando necessitamos de um vídeo. Já na pesquisa com o paulistinha, é possível visualizar, ao vivo, a cores e em tempo real, como a enfermidade se inicia e como cada célula cancerígena começa a se multiplicar", informou o pesquisador.


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O experimento consistiu no acompanhamento do comportamento das células de um tumor na pele (melanoma). Nestas células foram inseridos pigmentos fosforescentes e posteriormente foram implantadas no abdome do paulistinha. As células cancerígenas depois de cinco dias, proliferaram, caminharam pela cavidade abdominal e alcançaram a pele do animal onde se multiplicaram com rapidez. Através deste quadro o cientista acredita que quando células específicas de uma anomalia tumoral se espalham para outros órgãos não o fazem aleatoriamente. "Elas sabem a onde vão chegar", conclui o pesquisador.

Paulistinhas em pesquisa relativa à célula tronco

Em outro experimento o Doutor White acompanhou detalhadamente como as células-tronco, que secretam as células sanguíneas, se comportaram ao serem transplantadas para o paulistinha.

A utilização do peixe transparente possibilitou a observação minuciosa do processo de desenvolvimento das células tronco implantadas no paulistinha: Dr. White comentou que o que ocorre em um organismo vivo é muito diferente do que acontece com culturas desse mesmo organismo em uma placa de petri. (Placa de petri é um recipiente de vidro ou plástico, de forma cilíndrica, achatado verticalmente, utilizado em laboratórios de Biologia, para implementação de culturas de cepas de microrganismos).

Pesquisa com paulistinhas relativa à mudança de cor nos seres humanos

Há muitos anos a comunidade científica vem estudando a determinação genética da cor da pele dos seres humanos, porém, a maioria dos genes responsáveis pelas variações naturais na cor da pele permanece praticamente desconhecida.

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A revista cientifica Science publicou uma pesquisa que demonstrou como o paulistinha, foi utilizado para decifrar o mistério da definição do tom de pele das pessoas. Uma equipe de Biólogos da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, realizou um trabalho que concluiu que uma pequena mudança em um gene encontrado no paulistinha é capaz de afetar toda a sua pigmentação e que alterações em um determinado número destes genes estão diretamente relacionadas a doenças como o albinismo.

Segundo os biólogos envolvidos o paulistinha é o peixe ideal para a citada pesquisa, uma vez que ele possui muitos genes semelhantes aos genes dos seres humanos. Este peixinho também possui células de pigmento, que contém pequenos grãos chamados melanossomos, muito parecido com as células de pigmento dos seres humanos. Os pesquisadores esperam que o estudo leve a novos caminhos para o tratamento de câncer de pele, bem como a alternativas para modificar a cor, sem danificar a pele.

Os biólogos informaram que compararam dados do genoma do paulistinha com dados do genoma dos seres humanos e verificaram a existência de um padrão similar, o que de certa forma facilita a pesquisa.

Pesquisa com paulistinhas relativa a doenças bacterianas.

Biólogos da Universidade de Ciência Marine e Tecnologia, de Tokyo, estão desenvolvendo um trabalho, com a utilização do paulistinha, relativo às doenças bacterianas, que afetam criações comerciais de peixes ornamentais e de corte e que trazem relevantes prejuízos a aquicultura do Japão.

Os pesquisadores desenvolveram uma variedade de paulistinha, modificado geneticamente, que expressa o gene da lisozima retirado da galinha para resistência a infecção bacteriana.

Na geração do animal trangênico foi implantado, além do gene da lisozima da galinha, o gene de uma proteína verde fosforescente, usado para marcador de seleção de plasmídeo (molécula com poder de autorreplicação).

Os paulistinhas nascidos na segunda geração dos peixes transgênicos se mostraram altamente resistentes às principais doenças bacterianas que afetam a piscicultura daquele país.

No Brasil várias entidades científicas utilizam o Paulistinha

No Brasil os primeiros trabalhos com o Paulistinha foram realizados no laboratório da pesquisadora Rosana Mattioli, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo. Dra. Mattioli realizou uma série de experimentos que culminou com a publicação no Brazilian Journal of Medical and Biological Research, em 1999, de um importante trabalho que começou a estabelecer a base de um teste de ansiedade, aprimorado em seguida por ela e outros pesquisadores e hoje utilizado para avaliar o efeito de compostos que combatem a depressão e a ansiedade.

Atualmente várias universidades, indústrias de medicamentos e entidades de meio ambiente, utilizam o paulistinha em pesquisas de neurociências, comportamento, poluição e testes de medicamentos, em substituição aos roedores, em função da praticidade na criação e manutenção deste peixinho.

O paulistinha transgênico

No ano de 2003 a empresa Taikong Corporation, situada em Taiwan, colocou a venda exemplares de peixes ornamentais modificados geneticamente. O "animal transgênico" foi produzido através do paulistinha que, trabalhado em laboratório, foi modificado geneticamente, recebendo em seu genoma genes de uma espécie de água-viva fosforescente. O resultado foi um peixinho com quase todas as características morfológicas do paulistinha, exceto a sua coloração que é verde amarelada. O mais interessante é que o animal herdou da água-viva a fosforescência, tendo, portanto, a capacidade de brilhar no escuro. O incrível animal foi denominado pela Taikong de TK-1 e, como é comum nos países asiáticos apelidarem os peixes ornamentais, ele recebeu o nome popular de "Paulistinha pérola noturna".

A primeira remessa de 30 mil paulistinhas foi colocada no mercado pelo valor de U$5 cada exemplar e segundo a Taikong os animais eram estéreis, para evitar assim danos ao ecossistema, no caso de uma eventual introdução na natureza.

Posteriormente a Taikong desenvolveu mais duas variantes do paulistinha transgênico, sendo uma na cor vermelha e outra na cor azul, chamados de Tk-2 e TK-3, respectivamente.

O principal objetivo desses animais transgênicos seria, entre outras, a sua utilização em testes de toxicidades, cuja mudança na sua coloração seria utilizada para detectar a presença de poluentes na água. Tal proposta seria uma alternativa à utilização de complicados testes para a identificação de poluentes na água.

Referências Bibliográficas:

- Transgenic zebrafish expressing chicken lysozyme show resistance against bacterial diseases www.ncbi.nlm.nih.gov

- Characterization of promoter activities of four different Japanese flounder promoters in transgenic zebrafish - Graduate School of Marine Science and Technology, Tokyo University of Marine Science and Technology, Konan 4-5-7, 108-8477, Minato, Tokyo, Japan

- SOUZA, S.A., Os Peixes Ornamentais no Controle Ambiental, Revista aquarismo, set/out 1988

- VIANNA, W., O Paulistinha Transgênico, Revista Mania de Bicho, set.2003

- Zebrafish um animal modelo, Revista FAPESP JULHO 2013

- Cientistas decretam o início de uma nova era para as espécies animais - a da manipulação genética - Revista ISTO É - independente , Ciência & Tecnologia



(Fonte: Wilson de Oliveira Vianna - Biologo, pós graduado em Biologia Marinha, dedica-se à pesquisa da genética, da nutrição e das enfermidades relacionadas ao Betta splendens. Possui vários artigos, relacionados a espécie em questão, publicados em revistas e em sites, no Brasil e no exterior. Gestor do CEA - Centro de Estudos de Aquariofilia e presidente da AQUORIO.)