Muitos peixes formam cardumes na natureza, e as razões por que eles fazem isso têm efeitos que podem ser vistos no aquário. Cardumes na natureza podem variar de dezenas a centenas (como corydoras) e de centenas a milhares (como Neons e Piranhas), e no caso de peixes marinhos, milhões. Sabendo por quê seus peixes formam cardumes ajudará você a entender o comportamento deles no aquário e, em alguns casos, eliminar potenciais peixes briguentos e problemas de compatibilidade.
Várias são as razões para peixes formarem cardumes:
Evitar predadores:
A primeira vantagem de formar um cardume próximo e compacto é minimizar a chance de ser escolhido por um predador. Se você é um peixe pequeno, as chances de ser escolhido como almoço de um peixe maior aumentam bastante. Um pobre e pequeno tetra sozinho contra um Oscar de 45cm seria uma parada dura, mas com um grupo de dezenas ou centenas as chances de que VOCÊ especificamente será comido (talvez seja alguém outro, mas não você) a chance é muito menor, e até a chance de que o predador conseguirá pegar UM de vocês é substancialmente reduzida. Um cardume é uma solução inteligente dedefesa coordenada para evitar e confundir predadores. Sem contar o fato de que o predador vai pensar duas vezes na hora de atacar 150 peixes unidos.
Alimentação:
A maioria dos peixes pequenos é oportunista, comendo o que estiver disponível. Normalmente insetos, organismos que nascem dentro da água (bem pequenos, portanto) ou organismos que moram no fundo são as comidas preferidas. Estes tipos de comidas geralmente são encontrados concentrados em locais específicos na natureza, ao invés de distribuídos uniformemente, e precisam ser encontrados. A lógica é simples: 50 olhos procuram muito melhor do que 2. Se tu não tiver sorte, provavelmente alguém terá. Quando um vai se alimentar, o grupo segue.
Hierarquia:
Muitos peixes tropicais de água doce exibem uma hierarquia bem definida onde há uma ordem de dominância do grupo. Nessa situação, os benefícios do cardume estão disponíveis para todos os peixes, mas o peixe mais forte come primeiro e acasala mais. No reino animal, o topo da hierarquia é sinônimo de genes passando adiante. Como é geralmente o mais forte, os melhores genes prosseguirão. Se mantidos em pequenos números, o peixe dominante, para manter a sua posição, vai continuamente confrontar os outros peixes. Se só existem dois ou três da mesma espécie, eles serão continuamente perseguidos, confrontados e judiados e até podem ter o seu direito à alimentação negado. Essa situação se agrava especialmente se apenas um dos peixes se mostrar mais submisso. Nesse caso, ele será a vítima principal do dominante. Isso resultará em saúde fraca nos peixes menos dominantes, e consequentemente doenças e até morte. Em aquarismo isto pode ser visto em acarás-bandeira, espadas, barbos e até alguns tetras. Em grandes números o peixe dominante tem vários “bodes expiatórios” e então apenas batalhas ocasionais despontarão – só pra mostrar quem manda no pedaço – e cada vez com indivíduos diferentes.
Peixes cardumeiros que param de fazer cardumes:
Em aquários, onde a hierarquia se mantém estável e predadores não aparecem (pelo menos não devem aparecer né, você que nãopesquisou compatibilidade antes de colocar um Oscar no seu aquário de guppies), o senso de segurança que os peixes terão é enorme. A consequência disso é que alguns peixes terão seu comportamento cardumeiro reduzido. Isto pode ser notado bastante em pequenos peixes como tetras, que fazem cardumes mais para defesa.
Eles ficarão espalhados pelo aquário, mas quando a mão gigante que corta as plantas e limpa o fundo do aquário entrar eles farão um cardume muito próximo para defesa. No aquário, se eles sabem que tem outros neons em volta, eles se sentem seguros para sair explorar pois sabem que para qualquer problema tem quem cuide deles. Se privados deste senso de segurança de ver outros da mesma espécie, eles provavelmente ficarão sob constante estresse até ficarem doentes e morrerem.
Jovens e velhos:
Praticamente todos os peixes formarão cardumes quando jovens, e isto é uma continuação de seu comportamento como alevinos, por causa das mencionadas vantagens de encontrar comida e não ser comido. Peixes que ficam grandes quando crescem, têm poucos predadores ou vivem em ambientes onde podem se esconder facilmente, ou têm algum outro tipo de defesa, tiram poucas vantagens de ficar em um cardume e isto pode até ser desvantagens por fazer o peixe ser notado mais facilmente. Quando estes peixes crescerem e atingirem certa idade ou tamanho, eles começarão a ver outros da mesma espécie como ameaça, tanto para a sua comida como para os possíveis alevinos que ele possa vir a ter. Esse é o momento quando comportamentos territoriais e agressivos começam a se desenvolver, normalmente vistos em grandes ciclídeos e grandes peixes-gato (Cascudos, por exemplo). Esta pode ser a causa de por quê aqueles peixinhos que tu comprou na loja como cardume e ficaram os últimos três meses juntinhos agora estão se batendo o tempo todo.
Nadando pertinho sem se bater:
Uma complexa combinação de sentidos permite aos peixes promover esses movimentos suaves e coordenados com se tivessem ensaiado a vida inteira que tanto nos impressionam. Antes se acreditava que um líder apenas coordenava os movimentos. No entanto, agora se sabe que cada peixe responde aos movimentos dos outros peixes, bem como a estímulos como feromônios. Se um peixe se move numa direção diferente, os outros sentem e o acompanham. Os olhos dos lados da cabeça permite aos peixes prontamente ver o que está do lado deles e mover de acordo. No entanto, os sentidos de cardume são a visão, audição, olfato e a linha lateral.
Reprodução:
Num cardume, os peixes têm muito mais chance de encontrar um parceiro (já que eles estarão ali pertinho) e a proteção do cardume garantirá que pelo menos uma grande parcela dos ovos eclodirá e crescerá. Sem essa proteção, os pais teriam de proteger os bebês, o que seria um risco tanto para os pais quanto para os ovos e alevinos."aquapeixes forumeiros"
