21 de jun. de 2010

Dicas Bettas - Reprodução em Cativeiro


Em geral os Bettas splendens já estão prontos para o acasalamento por volta dos 5 meses de vida.
Se reproduzem facilmente e geram proles numerosas (mais de 300 alevinos em cada ninhada - nem todos sobrevivem, mas um número expressivo vinga).
O cortejo e o acasalamento oferecem um espetáculo belíssimo e arrebatador de se assistir.
Comumente o macho é colocado num aquário pequeno (+/- 20 litros) com coluna d'água de aproximadamente 10 cm (vide condições ideais da água em "Manejo Básico"), 10 dias antes da lua cheia, para começar a se sentir dono do território.
Depois de 2 dias, aproximadamente, a fêmea é introduzida no aquário, mas dentro de um vidro transparente, sem fundo, onde é vista, mas não tocada pelo macho.
O macho imediatamente começa o seu ritual de exibição para a fêmea e construir um ninho com bolhas de ar, na superfície d'água.
Este processo dura uns 8 dias, aproximadamente. A fêmea então já se mostra preparada para o acasalamento, seu oviduto está dilatado, com uma ponta branca e apresenta no corpo listas verticais.
Neste momento o macho já está com o ninho totalmente pronto (enorme colchão de bolhas) e é hora de libertar a fêmea (com cuidado para não agitar a água e desmanchar o ninho de bolhas), que deverá ter, a esta altura, um comportamento submisso, se deixando levar para baixo do ninho.
É conveniente providenciar abrigo para a fêmea se proteger, caso o macho se mostre muito violento ou ela ainda não esteja totalmente pronta para o acasalamento. Podem ser: pedras sem arestas, seixos de rio, plantas aquáticas naturais (musgo de java, samanbaia d'água, etc) ou até cotovelos de PVC.
Os dois ficam algum tempo nas preliminares mas logo acontecerá o primeiro de vários abraços delicados e suaves que o macho dará na fêmea, espremendo-a para liberação dos ovos, fertilizando-os neste instante.
Os ovos, dezenas de cada vez, são expelidos e vão caindo lentamente no fundo do aquário. Geralmente a fêmea fica meio atordoada por alguns instantes e enquanto se recupera, o macho vai coletando em sua boca, ovo por ovo e depois os deposita no colchão de bolhas. Estas rotinas de abraços, posturas, fecundações, coletas, acomodação dos ovos se repetem por várias vêzes.
Concluída a postura, a fêmea é retirada do aquário por que o macho assume a guarda do ninho, se preciso com bastante violência, não permitindo a aproximação da fêmea. No habitat natural ela naturalmente guardaria distância segura do macho, mas confinada no aquário, poderá ser morta.
Pelos próximos 2 (dois) dias, o macho protege e arruma o ninho o tempo todo. Após o nascimento dos alevinos, por mais 2 (dois) dias ele pega os filhotes que caem do ninho e os recoloca no colchão, até que já possam se virar sozinhos. Neste momento quem é retirado do aquário de procriação é o macho, senão os alevinos é que correm perigo de ser devorados pelo pai.

 Anatomia Externa

O formato dos Bettas splendens é estabelecido pelo esqueleto ósseo. A coluna vertebral vai da cabeça (onde está localizado o cérebro do animal) à cauda e é feita por pequenas vértebras.
Ligadas às vértebras estão as costelas, que protegem a maioria dos órgãos vitais.
Placas ósseas, chamadas opérculos, uma de cada lado, recobrem as guelras.
Anatomia externa de um 
macho
Os machos tem as cores mais intensas, as nadadeiras mais longas e são muito territorialistas. Na fase adulta, possuem um porte maior do que as fêmeas, em geral. O macho é quem fabrica o ninho de bolhas.
Um bom espécime deve ser corpulento, forte, sem ser gordo. Os mais agressivos, ao se ver no espelho ou a outro exemplar macho, normalmente são os melhores reprodutores e pais.
Anatomia 
externa de uma fêmea
As fêmeas apresentam um ponto branco na região anal, o "oviduto", por onde são expelidos os ovos durante o casamento.

Nadadeiras

É um dos critérios de grande relevância na definição da linhagem e escolha de matrizes para reprodução de um espécime. As nadadeiras se projetam do corpo, em locais determinados, e são sustentadas pelas barbatanas (raios cartilaginosos). Quanto mais ramificados forem estes raios cartilagionosos, maior sustentação e amplitude fornecem às nadadeiras.
Podem ser:
Caudais
  • Single Tail (Cauda Simples) [ ST ]



    • Plakat [ PK ]
      Cauda curta, encontrada em espécimes selvagens. Muito semelhante à cauda de uma Betta fêmea atual.



      • Delta [ D ]
        Mutação. A cauda tem a formade um delta, a partir do pedúnculo caudal. A amplitude é medida em graus, podendo variar entre 50 e 70 graus.

      • Super Delta [ SD ]
        Mutação. É mais larga que a cauda em delta. Varia entre 70 e 120 graus.

      • Ultra Delta [ UD ]
        Mutação. Mais ampla ainda, variando entre 120 e 170 graus. Não é reconhecida oficialmente (concursos).

      • Over Half Moon [ oHM ]
        Mutação. Tem formato que excede o desenho de uma meia-lua. Cauda com mais de 180 graus.

      • Crown Tail [ CT ]
        Mutação. Os raios da cauda se projetam além do final da cauda, formando um padrão semelhante ao de uma coroa.

        Variações:



        • Single Ray (Raio Único) [ SR ]
        • Double Ray (Raio Duplo) [ DR ]
        • Double Double Ray (Raio Dobro Dobro)
          [ DDR ]
        • Triple Ray (Raio Triplo) [ TR ]

    • Long Tail (Cauda Longa) [ LT ]



      • Veil Tail (Cauda de Véu) [ VT ]
        Mutação. Cauda longa, a mais comum de se ver em lojas de aquários.

      • Delta [ D ]
        Mutação. A cauda tem a formade um delta, a partir do pedúnculo caudal. A amplitude é medida em graus, podendo variar entre 50 e 70 graus.

      • Super Delta [ SD ]
        Mutação. É mais larga que a cauda em delta. Varia entre 70 e 120 graus.

      • Ultra Delta [ UD ]
        Mutação. Mais ampla ainda, variando entre 120 e 170 graus. Não é reconhecida oficialmente (concursos).

      • Half Moon [ HM ]
        Mutação. Tem o formato de meia lua. Cauda com 180 graus e os seus raios tem o mesmo comprimento.

      • Over Half Moon [ oHM ]
        Mutação. Tem formato que excede o desenho de uma meia-lua. Cauda com mais de 180 graus.

      • Crown Tail [ CT ]
        Mutação. Os raios da cauda se projetam além do final da cauda, formando um padrão semelhante ao de uma coroa.

        Variações:



        • Single Ray (Raio Único) [ SR ]
        • Double Ray (Raio Duplo) [ DR ]
        • Double Double Ray (Raio Dobro Dobro)
          [ DDR ]
        • Triple Ray (Raio Triplo) [ TR ]

  • Double Tail (Cauda Dupla) [ DT ]
    Mutação. A cauda é naturalmente cortada ao meio, formando dois lobos caudais. O corte deve iniciar imediatamente após o corpo. A nadadeira dorsal de um Double Tail é ampla.

  • Triple Tail (Cauda Tripla) [ TT ]
    Mutação rara e não fixada. A cauda é naturalmente cortada em três partes, formando três lobos caudais. Os cortes se iniciam imediatamente após o corpo.
Dorsais
As nadadeiras dorsais dos Bettas splendens também variam de formatos, podendo assumir as seguintes variações:

Formato do Corpo

O formato do corpo também tem relevância, podendo assumir as seguintes variações:
Formato do Corpo


 Manejo Básico

O Betta splendens é bastante resistente, pouco exigente e bem fácil de ser criado. Requer pouco espaço (betteiras de 2 litros já bastam), a água não precisa ser aerada ou filtrada.
Lembre-se, em seu habitat natural, vivem em charcos e plantações de arroz (águas de pouca ou nenhuma correnteza, com baixos níveis de oxigênio) e sua alimentação é basicamente de mosquitos, larvas e vermes, encontrados em abundância nesses locais.
Quatro preocupações básicas precisam ser seguidas para manter o equilíbrio do aquário e evitar o estresse do peixe:
  1. Alimentação bem dosada, variada e balanceada
  2. Manter a água limpa, declorificada (sem cloro) e livre de restos de comida/dejetos dos peixes
  3. Manter o pH entre 6,8 e 7,4
  4. Manter a temperatura da água entre 24 e 30 °C
  1. Alimentação bem dosada, variada e balanceada
Alimente seu Betta splendens, preferencialmente 2 a 3 vezes ao dia. Numa quantidade suficiente para que não sobre alimento na água, que seja consumido imediatamente.
  • Ração granulada: ofereça 3 a 4 grânulos, no máximo, de cada vez.
  • Ração flocada: ofereça uma pitada pequena, bem esfarelada, de cada vez.
Seja exigente na escolha da marca, prefira alimentos capazes de atender as necessidades nutricionais do animal. Isto fará toda a diferença na saúde de seu peixe.
Se você tiver espaço em sua casa/apartamento, tempo e vontade, faça culturas de alimentos vivos. Eles são essenciais na dieta do Betta. Não podendo, compre em lojas de aquários ou de criadores conhecidos. Só não deixe de oferecê-los ao animal.
  • Ofereça alimentos vivos 2 ou 3 vezes por semana, se possível variando o alimento, expandindo as opções do cardápio (alguns alimentos vivos, em alguns períodos do ano, são mais difíceis de se conseguir - geralmente no inverno, nas regiões muito frias).
Na mudança de dieta, é provável que o peixe estranhe o novo alimento. Tenha paciência! Esta é uma reação nornal do peixe e pode ser observada também em outros animais. Vá oferecendo insistentemente e retirando o que foi rejeitado do aquário.

  1. Água limpa, declorificada (sem cloro) e livre de restos de comida/dejetos do peixe
Em geral, precisamos trocar parcialmente a água da betteira a cada 4 ou 5 dias. Procure substituir algo próximo dos 30% da água do aquário (vide: alertas sobre cuidados com o pH e a temperatura da água).
  • Passe de 70% da água do aquário para outra vasilha (provisória);
  • Em seguida passe o Betta para esta vasilha. Pegue-o com um puçá (redinha), jamais com a mão;
  • Jogue fora o restante da água, limpe bem o aquário, sem produtos químicos (sabão, detergente, etc.);
  • Coloque 30% de água:
    • limpa, descansada, declorificada (existem vários produtos no mercado para este fim - prefira aqueles que preservam a mucosa do peixe);
    • com pH tendendo para 7,0 (neutro); e
    • temperatura na faixa entre 24 e 30 °C, o mais próximo possível da temperatura atual da água da betteira;
  • Volte o peixe e a água que estavam na vasilha provisória, para a betteira.
Assim você evita o estresse excessivo do peixe, preservando sua resistência à doenças e problemas futuros.
  1. Manter o pH entre 6,8 e 7,4
O grau de acidificação ou alcalinidade da água é expressado em valores de pH, o que literalmente significa "poder de hidrogênio".
Esta escala é baseada na inversa concentração de íons de hidrogênio na água, quanto mais íons de hidrogênio, mais ácida é a água e mais baixo o valor do pH, então, quanto menos íons de hidrogênio, mais alcalina será a água e maior será seu valor de pH.
A escala de pH varia entre 0 (extremamente ácida) até 14 (extremamente alcalina), com um pH de 7 sua água será neutra.
escala de
 pH
Existem muitas opções de kits de medição e produtos para correção de pH, em lojas de aquários, à preços acessíveis. Antes de acrescentar/trocar a água na betteira (aquário), procure equalizar o pH da água descansada e declorificada, tentando levá-la num ponto intermediário entre o pH da água que está no aquário no momento e a neutralidade da água. É preciso evitar grandes alterações de pH e conseqüente estresse do peixe.
Para a correção do pH, siga rigorosamente as instruções do fabricante dos produtos corretivos, tendo como regra básica o exercício da paciência.
Faça a correção do pH de forma lenta, fazendo medições intermediárias, até chegar no ponto considerado ideal. A escala do pH é logarítmica. Um pH de 5,5 é 10 vezes mais ácido do que água com um pH de 6,5. Alterar o pH de forma rápida e abrupta na escala de medição, pode lhe parecer pouco, mas é muito perturbador para os peixes.
  1. Manter a temperatura da água entre 24 e 30 °C
O peixe é um animal pecilotérmico, isto é, adquire a temperatura do meio onde vive. Não possui sangue quente como os mamíferos, por isso o mecanismo biológico está condicionado a temperatura ambiente.
Os cuidados com os parâmetros da água, não se restringem a parâmetros químicos. A temperatura é de vital importância para o peixe. Uma variação brusca na temperatura da água pode ser muito prejudicial a vida do animal.
Para o Betta splendens a temperatura mais adequada deve estar entre 24 e 30 ºC. Nesse intervalo de temperatura as suas funções fisiológicas são estimuladas (crescimento, alimentação e procriação).
Para sabermos a temperatura do aquário, usamos um termômetro que pode ser interno, feito com mercúrio, ou digital (plástico), que é colado no vidro, na parte externa.
Para manter a temperatura sob controle, precisamos de um termostato e de um aquecedor. O termostato se encarrega de ligar e desligar o aquecedor, sempre que necessário.
Nas trocas parciais de água, evite colocar a água nova em uma temperatura muito diferente da encontrada no aquário, principalmente no inverno.